15 de jun. de 2022

Linguagem Neutra [Todos os Anos]


Continuando nossos estudos no Mês da Diversidade, demos uma olhadinha na linguagem neutra.

Confira nesta postagem os textos que serviram de base pra nossa discussão.


LINGUAGEM NEUTRA

Em grupos, leiam os textos abaixo e respondam de forma oral as perguntas que seguem:

Texto 1:

“Em muitas famílias linguísticas e idiomas há numerosos casos de ausência de gênero gramatical, e ricas variantes na sua expressão. O proto-indo-europeu, origem da maior família linguística do planeta, formado em meados do quinto milênio a.C., distinguia apenas entre gêneros animado e inanimado; posteriormente o gênero animado cindiu-se em masculino e feminino e o inanimado tornou-se neutro. Na maioria das línguas da família indo-europeia, como o grego, o latim, o alemão, o russo, o sânscrito e o romeno, há 3 gêneros, feminino, masculino e neutro. Em alguns casos, como no sueco e no dinamarquês, passou-se da definição binária de gêneros para um gênero comum. Além das línguas que simplesmente não diferenciam gênero, como o armênio, o turco, o húngaro, o japonês e o tupi-guarani, há casos como o da família Bantu, do centro e do sudeste da África, em que há línguas como o Shona, com mais de 20 gêneros. Exercite o conhecimento e a imaginação. O mundo dos gêneros é muito mais do que um par de opções.

Ao lado desses fatos da cultura linguística, cresceu na última década o movimento social pela neutralidade de gênero. Com nobreza ética, visa-se a evitar a discriminação e ampliar a inclusão social. A finalidade é eliminar de nosso convívio violências inconvenientes e desnecessárias. Não se negam gêneros masculino e feminino, mas expande-se o campo da linguagem com uma ou mais opções, com maior liberdade e respeito.”

[Francisco Marshall, Brasil de Fato, “Gênero Neutro”, Porto Alegre, 22 de Novembro de 2021 às 16:36. Acesse o texto completo clicando aqui].


Texto 2:

“A discussão de gênero e de sexualidade causa muito desconforto em vários círculos. Há quem não se sinta representade (a) (o) pelas formas normalizantes de expressão: ele ou ela (como se só houvesse 2 possibilidades). Há quem fique desconfortável por perceber que tem gente querendo ser algo que não estava previsto na ‘norma’.

Essa divisão em dois, esse binarismo, deixa de fora uma enorme variedade de possibilidades, que não são nem uma coisa, nem outra. E quem está nesse grupo, do nem uma coisa nem outra, continua sendo gente, continua tendo direito de ser como é.

Essa nova palavra, esse novo pronome de gênero ‘ile’, é uma tentativa de questionar a ‘norma’, a cis-heteronormatividade, aquele conceito que diz que ‘o certo é homem, macho e masculino e mulher, fêmea e feminina’. Pode parecer estranho, já que o resto das palavras na língua portuguesa são femininas ou masculinas. Fazer a concordância com ile pode ser difícil.

Ile é diretore, diretor, ou  diretora? Ile é amigue, amigo ou amiga? Ile é aliade, aliado ou aliada?

Cabe a cada ile nos dizer como se sente, como se reconhece.”

[Pri Bertucci, “Manifesto Ile Para Uma Comunicação Radicalmente Inclusiva”, ssexbbox, nov 4, 2015. Acesse o texto completo clicando aqui].


Para discutir em grupos (não precisam escrever as respostas, apenas discutam entre vocês):

1. Vocês sabiam que existem gêneros neutros em diversas línguas, inclusive no latim, que é nossa língua mãe, assim como informa o texto 1? O que vocês acham disso?

2. Vocês já haviam visto ou ouvido falar em linguagem neutra e suas propostas para a Língua Portuguesa? O que vocês pensam sobre isso?

3. Vocês aceitariam ser chamados por um pronome diferente do seu? (Exemplo: se você se identifica com o gênero masculino, ser chamado de “ela”, ou se se identifica com o gênero feminino, ser chamado de ele). A partir de suas respostas, como vocês entendem que pessoas não binárias se sentem ao serem chamadas por um pronome não neutro?