Você já parou pra pensar no que exatamente é uma "História em Quadrinhos"? Nesta postagem você vai conhecer um pouco mais a fundo a 9ª Arte.
Apesar das histórias em quadrinhos terem ligações com a literatura, o desenho e até o cinema, elas não são uma derivação dessas formas de arte. Elas são uma LINGUAGEM ARTÍSTICA EM SI: nem é desenho, nem é literatura, é uma intersecção muito específica de PALAVRAS e IMAGENS como bem colocou o grande Scott McCloud, uma das autoridades no estudo da linguagem dos quadrinhos.
Pra ser quadrinho é preciso que haja uma NARRATIVA, ou seja, algo a ser contado, uma ideia a ser compartilhada, e é preciso que isso seja feito por meio de IMAGENS (não necessariamente desenhos, já que podemos fazer quadrinhos com fotos, colagens, etc.). E essas imagens precisam estar JUSTAPOSTAS, ou seja, precisam ser colocadas uma ao lado da outra, formando uma sequência de sentido.
Will Eisner chamava essa linguagem de "ARTE SEQUENCIAL".
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| Trecho do livro "Desvendando os Quadrinhos", de Scott McCloud, mostrando como uma imagem solta pode passar a contar uma história ao ser colocada ao lado de outra. |
Os quadrinhos, como os conhecemos hoje, surgiram no final do século XIX e ao longo desse caminho de mais de um século e história passou por inúmeras transformações e se desenvolveu de formas variadas em diferentes contextos.
Durante muito tempo, no mundo ocidental, se divulgou a ideia de que quadrinhos são uma linguagem apenas "para crianças" e que seriam uma forma de arte "inferior".
Há dois erros nessa forma de pensar.
- Achar que existe uma hierarquia entre as formas de arte, e achar que produtos voltados ao público infantil são inferiores àqueles voltados ao público adulto.
- Achar que só existem HQs voltadas ao público infantil. Hoje em dia há todo tipo de HQ, voltada a todo tipo de público.
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| Exemplos de HQs com origens em culturas diferentes, com diferentes propósitos e diferentes públicos-alvo. Respectivamente: "A Turma de Mônica" de Maurício de Souza, "Nausicaä do Vale do Vento" de Hayao Miyazaki, e "Minha coisa favorita é monstro" de Emil Ferris. |
Agora o mais importante: você não precisa ser um mestre da narrativa ou um mestre do desenho para fazer suas próprias histórias em quadrinhos. Uma ideia na cabeça e lápis e papel na mão já são suficientes!
No Clube do Quadrinho nós vamos explorar essa nossa capacidade de contar histórias com imagens. Vem com a gente!
EXERCÍCIO
Pra fazer com um círculo de amigos:
- Trace riscos em uma folha de papel, dividindo-a em 6 partes, ou 6 quadros de uma futura história em quadrinhos.
- Cada participante desenhará um primeiro quadro de sua história. Pode ser qualquer, qualquer coisa mesmo. Alguém fazendo alguma ação, um objeto fora de contexto, uma paisagem qualquer, o que você quiser.
- Após um tempo combinado, cada pessoa passa sua folha para a pessoa que está à sua esquerda. Com uma nova folha, seu desafio é continuar a história que outra pessoa começou. Que cena vem a seguir? O Desenhe.
- E assim vai se fazendo a cada rodada, até que todos os 6 quadros estejam desenhados e sua história esteja completa.
- É muito divertido ver os diversos caminhos que uma história pode tomar a partir de diferentes ideias de diferentes pessoas.
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BIBLIOGRAFIA
BRANDÃO, Daniel (coord.). Ilustração: Guabiras. Curso Básico de Histórias em Quadrinhos. Fortaleza: Fundação Demócrito Rocha, 2016.
MCCLOUD, Scott. Desvendando os Quadrinhos. São Paulo: M. Books do Brasil, 2005.
